Rio de Janeiro (RJ) – A cada novo desdobramento da Operação Sete da Sorte, conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e o GAECO, os bastidores políticos do estado se tornam mais tensos.
No centro da investigação, o ex-deputado estadual e ex-presidente da Alerj, Paulo Melo – nome de peso da política fluminense e aliado histórico do campo político hoje próximo ao governo federal – é apontado como peça-chave de um esquema que vai muito além dos já conhecidos jogos ilegais.
Conforme fontes ligadas ao MP, as revelações extraídas do celular de Paulo Melo – apreendido durante os mandados de busca – indicam um envolvimento direto com o contrabando de bebidas alcoólicas, um braço até então inexplorado do esquema criminoso. A suspeita é de que a rede de bares e comércios usados para instalar as máquinas caça-níqueis também esteja sendo utilizada como fachada para movimentar grandes volumes de mercadoria ilegal, com indícios de atuação interestadual e até conexões internacionais.
Jogos, lavagem e agora... contrabando?
Os primeiros resultados da investigação confirmaram o uso de estabelecimentos em cidades como Saquarema, Araruama e Rio Bonito para explorar máquinas caça-níqueis, com lucros que ultrapassariam R$ 400 mil por semana. Mas agora, com a análise dos aparelhos eletrônicos e documentos recolhidos, o MPRJ já mapeia indícios de um segundo pilar do esquema: o contrabando de bebidas, movimentando produtos de alto valor sem registro fiscal, supostamente importados ilegalmente.
Além disso, há informações não confirmadas de que o grupo teria envolvimento com lavagem de dinheiro por meio da compra de criptomoedas, investimentos em imóveis de luxo, e até transferências suspeitas para servidores ligados ao gabinete da esposa de Paulo Melo, Deputada Estadual. Conversas mencionando rachadinhas e fantasmas também estariam em análise.
Aliado com conexões em Brasília
Embora Paulo Melo esteja formalmente afastado dos cargos políticos, seu nome ainda reverbera com força nos bastidores do poder. Ao longo de décadas, foi figura central no espoMDB fluminense, tendo atuado como base de apoio nos governos Lula e Dilma, e ainda hoje mantém alianças estratégicas com figuras influentes da política nacional. Isso levanta preocupações sobre o quanto essas conexões podem proteger — ou comprometer — futuros desdobramentos da investigação.
O silêncio e a estratégia da defesa
Procurado pela imprensa, Paulo Melo declarou que “confia na Justiça” e nega qualquer ligação com jogos ilegais ou contrabando. Segundo sua assessoria, o ex-deputado “foi surpreendido” pela operação e atribui a ação a motivações políticas. Nos bastidores, no entanto, o silêncio é cada vez mais interpretado como uma estratégia de contenção de danos, enquanto o cerco se fecha.
O que vem pela frente
Com os materiais ainda em análise e novas fases da operação sendo planejadas, o caso pode ganhar dimensões ainda maiores. Se confirmadas as suspeitas de contrabando, rachadinhas e uso político do esquema, Paulo Melo pode enfrentar acusações por crimes como organização criminosa, corrupção, lavagem de dinheiro, e crime contra a ordem tributária.
O “pacote completo” revelado até agora parece ser apenas a superfície de uma caixa de pandora que, ao ser aberta, ameaça respingar em outras figuras da política fluminense — e talvez além dela.